Não muito à dizer num trevuoso dia de inverno. Ou chegou a TPM!


Às vezes é difícil simplesmente sentar em frente ao computador e escrever. Nem sempre as coisas fluem como a gente quer, como a gente gostaria que fluíssem. Então se começa um texto assim, devaneando sobre a vontade de dizer algo, mas não se sabe bem o quê, nem como.


No ônibus, na rua, às vezes até dormindo vem alguma coisa bacana. E basta ficar diante da imensurável tela vazia e as palavras desaparecem. Ou então, acontece o que é pior: achar que não se tem nada realmente para falar. Nada que vai valer a pena, fazer sentido, mudar a vida de alguém (não que mudar a vida alheia seja um objetivo). Normalmente acho uma bosta essa situação, ficar divagando em círculos sobre um assunto,l que não inspira sequer, à vontade de continuar nele. Uma espécie de confissão da frustração. Texto auto-piedoso e tal.


Segue as horas e penso que não tenho mais tempo pra dizer nada, e que não tenho nada à contribuir com a filosofia, com a física, nem com o budismo (pois meu forte é cigarro filtro vermelho e tensão nas costas) . Uma amiga me falou que existe um quê de mágoa em minhas palavras- pode ser. Uma mágoa porque tudo que penso já foi dito por alguém que conseguiu sintetizar a vida num texto muito mais simples que o meu. Sem frescura, sem rococó linguístico, sem dor, sem aflição.


Essa vida árdua de perseguir o sinonimo dos gestos em palavras, o sinonimo da vida em um conto qualquer é de matar a gente. Gente que nem eu, gente que se vê coitada, que vê o sofrimento de alguém e solta uma frase pronta daquelas, que não serve nem mesmo para consolo. Gente que sabe que o mundo está de pernas pro ar, que a linguagem já não é mais a mesma, mas que não consegue descobrir qual é. E que tem plena consciência das coisas, lucidez sobre o que é e sobre o que diz.


E sendo assim, até me dá vergoinha em estar aqui, dizendo por dizer, sem nenhuma poesia- que seja. Pois hoje tá um dia nublado, cinza, horrível e o melhor que consegui de mim foi passar um cafézinho e ficar esperando que alguma coisa acontecesse. Como alguém bater em minha porta pra me chamar para uma convenção de jovens escritores em algum lugar super exótico do planeta. Ou descobrir que a realidade é imaginação e o mundo é Matrix. Mas bueno, nada aconteceu, nem o café ficou muito bom. Parece que o que sobra nesses dias é dar uma de Joe Gould e reescrever o mesmo capítulo da História Oral várias e várias vezes e apenas esperar, que vai passar. Vai amanhecer e pode ser que alguma luz se acenda. E vai ter que passar. Vai passar.




Boa noite!