Mergulho

O problema mais grave de todos é que passo o tempo inteiro tentando prever o que vai acontecer comigo, que tipo de pessoa eu sou, ou que devo ser, ou que devo querer, procurando sempre o que é melhor pra mim... acabo perdendo a minha espontaneidade.

O lado bom disso é que quem é muito dramático exercita muito o seu lado criativo, através de sucessivos momentos em que se está fazendo uma tempestade num copo d’água.



* * *


Eu devia conseguir relaxar mais, parar de me preocupar com a condição especial para que algo aconteça, com o momento ideal para haver sentido. Apenas que a vida aconteça... Mas não, eu sempre fico infernizando achando sentido para todos as coisas que vivi, agregando valores a tudo. Começo a chegar à conclusão que sou extremamente apegada, em tudo.


* * *


A verdade é que faz tempo que tenho me sentido meio perdida. Como se estivesse numa parada de um ônibus às seis da tarde, esperando para ir pra casa. Tem os dois lados da moeda. Eu gosto muito de ser quem eu sou. Não tenho problemas com a projeção que fiz de mim mesma. Quando faço uma reflexão dos meus últimos gestos, eu acabo sempre achando que fiz mesmo a coisa certa, e me guio pela razão ao lado do coração. Dois pesos e duas medidas. Sempre fui assim. Só gostaria mais de obedecer à razão, que me manda buscar equilíbrio na vida. Buscar a leveza, o estado de concentração plena. Mas parece que grande parte do tempo acabo ligando o dispositivo: preciso prestar algo à alguém.

O dono do mundo

Sonhei que meus pés estavam descalços e eu pisava sobre uma lâmina fina e molhada. Era tudo penumbra, com pequenos pontos de luz que cintilavam ao meu redor. Com a sensação de quem estivesse acordando, eu ia descobrindo o lugar lentamente.

Um completo e absoluto nada. Silenciosa, uma brisa soprava, me dando desequilíbrio. Percebi então que eu era o universo. Sobre meus pés estava a terra, como que embalsamada por uma placa de gelo, que se esvaia entre meus dedinhos. Sem mover um único músculo, observei o que estava acontecendo. Eu não era o universo, só era tão grande quando ele. Minhas mãos podiam alcançar as galáxias, se eu tivesse coragem de movê-las. Talvez, com minha língua espichada para o alto da cabeça, eu pudesse lamber a pontinha da lua.

Mas a Terra estava sobre meus pés. Via a água, as florestas, os mares, os campos, as cidades, as nuvens, os satélites e os foguetes preso embaixo dessa fina camada de gelo, que me apoiava naquele frio e inerte nada que era o universo onde eu me encontrava.

O sonho mais megalomaníaco de todos que já pude sonhar. Maior do que sonhar em ser um convidado da Santa Ceia, como soube de um conhecido um tempo atrás. Disseram-lhe que estava com a auto-estima baixa, nessa ocasião. Não posso nem tentar adivinhar o que poderia significar tal sonho para a minha psiquiatra tentando ser junguiana.

Mas o fato é que mesmo sendo uma cúmplice do universo eu não podia me mover, pois aos meus pés estava todo o mundo que eu conheço e que sempre vivi. De nada me adiantava tocar as estrelas, pular e tentar alcançar o sol, se com o mínimo movimento eu poderia simplesmente quebrar tudo. Lembrei-me então das situações em que minha mãe me chamava de “mão de garrancho”, onde tudo que tocava virava cacos. Não entendia o que era garrancho, mas o sentido literal não importava, eu entendia o que ela queria dizer.

Que dilema! O mundo aos meus pés e o universo como meu companheiro!
Pesadelo dos brabo esse.... Leveza nunca foi o meu forte.

A prece do desassossego

Nos últimos dias ela andava completamente atordoada. Não sabia se eram as marteladas da reforma no escritório, ou a menopausa precoce. Um calor, uma vontade de gritar. Um frio, queria bater a porta e chorar escondida.
Chegava em casa e jogava a bolsa no sofá – era como se saísse poeira dos pés. Ia direto ao banheiro. Não mijava, não lavava o rosto, se olhava no espelho. Ficava observando as olheiras, a expressão cansada, a pele gordurenta. Seu nome, Francisca. A mulher que não planejava nada. Que sentava em cima das pernas e ficava por horas observando a parede verde do seu quarto. Não queria namorar porque suava. Não queria dormir porque doía a cabeça. Não queria estar onde estava, mas não queria mover a bunda pra nenhum lugar.


- Ah Francisca! Suspirava pra si mesma, tocava-lhe o rosto através do espelho e lhe fazia um miminho na bochecha. O coração apertado, o pulmão cheio de nicotina e uma desventura que guardava na imaginação. – Sim, é muito difícil Francisca. A vida é assim mesmo, meu anjo. Depois que se cresce não tem volta. Dar-se conta da vida não tem volta nunca. Saber é um passo lento para a morte.

A aflição desta mulherzinha não era algo palpável. A vida lhe era boa, colorida e estável. Os amigos presentes, as pernas encelulitadas de comida - nunca fora tanta fartura. Mas é que ela sentia isso, de vez em vez, ou quase sempre - na verdade. Não conseguia desligar-se da mania de entender o que se passava ao seu redor. A menos, quando enchia a cara. Então não, Francisca, ficava leve, frouxa. Quando encontrava Mariano – depois de umas (cervejas, vodka com laranja), ela era todo amores. Sem falação barata, sem “ai que dia hoje não?”, era vem pra cá meu benzinho e vapiti vupiti. Mariano já estava morto no chão. E assim eram os dias de Francisca. Rainha da compreensão humana. - Oh Francisca, vê se te manca e vai apenas viver a vida, molhar as flores e inventar algo mais bem humorado pra dizer na janta!

Um amigo aparecia lá pelas tantas. Era dor de cotovelo. Ela ouvia como uma mestra do entendimento humano que era. Dizia que a vida é assim mesmo. – O que não tem remédio, remediado está. Te acumóda! O amigo se embebia de coisas que estava querendo escutar. A grande sacada de Francisca era dizer o que as pessoas gostavam de ouvir. Poderia ser vendedora, mas não lidava bem com números. Então destilava todo o Ensinamento de Buda (Editora tal, capítulo treze). Confortava-se em confortar. O amigo ia embora, deixava uma ponta, e Francisca voltava a sentir todo o desassossego do mundo dentro do seu quarto. As horas passavam rápidas demais, derramava café na cozinha, arrumava tudo e derramava de novo. Atordoada que estava. Fumava a ponta enquanto Mariano não aparecia.

Francisca não queria mais torrar o saco de ninguém com suas coisas. Nada tinha pra acontecer efetivamente, só uma noite qualquer. Francisca então colocava amaciante na carne, fazia suco de hortelã e talvez, quem sabe, conseguisse chegar mais perto de ser o que tanto queria – um lago sereno no meio de um bosque de árvores frondosas. Amava palavras doces como estas. A palavra mais linda da língua portuguesa – desassossego. Uma prece para o desassossego ir embora e deixar Francisca no seu bosque, com Mariano, com sua celulite, com seus conselhos inúteis.

Era quase dez da noite, o barulho de chaves na porta. A janta na mesa, a calcinha nova e um ruge nas maçãs do rosto. No fundo, os olhos lacrimosos, a alma melancólica. Mas Francisca havia decidido – bem no momento em que cortou o alho - chega de lamúrias. É tempo de viver e apenas viver.

Mariano já sabia, era o dia da transformação daquela semana. Ele adorava esse dia - um por semana, toda a semana, igualzinho todo o mês. Já notava pelos ares, pela música, pelos olhos inchados disfarçados de corretivo, do arzinho de normal por trás dos ombros tensos. Mas ele pensava “Ah Francisquinha, vale a tentativa! Te amo todos os dias, e nesse dia especialmente, quando queres ser outra pessoa, renegando tudo que és. Te amo minha desassossegada mulher.”

Ele comia tudo e depois comentava o tempero- igual toda semana- mas ela nem desconfiava, pois era o seu novo dia, sua decisão de amar mais Mariano e ser um lago sereno no meio de um bosque de árvores frondosas. Desligava as luzes e dormia... com Mariano, seu sono justo de Francisca.



Another side


As vezes é muito difícil ficar lúcido. É como se um dia você acordasse numa manhã cinza, chuvosa, preguiçosa... Você olha pela janela e tem vontade de voltar pra cama, você liga a TV e não consegue pensar. Quando se dá conta já passou a hora de ir pro trabalho, já passou da hora de avisar que você está se sentindo mal pra caralho... já passou da hora de almoçar. Você grita dentro do seu quarto escuro, mas ninguém te ouve, porque a porta e a janela estão fechadas. Você tenta se mexer, mas o seu corpo não obedece, você tenta chorar, mas também não sente vontade. Tudo não passa de um lamaçal dentro do peito. Apertado, costurado. Então você se depara com seu imenso egoísmo com o mundo. Se privando e privando a todos do seu bom humor, da sua simpatia, da sua solicitude, da sua imensa paciência. Muitos desses dias são ignorados, e simplesmente abrimos a janela, ignoramos as trevas e saímos de preto, mau humorados... continuamos privando o mundo do melhor que pudemos ser.



Na verdade a manhã está linda, a janela já estava aberta, você acordou com o sol no rosto. Mas a alma ainda estava sonhando, havia uma sensação de que você não estava despertando, e sim, entrando num estágio de pesadelo lúcido. É difícil se entender, é difícil se sentir bem todo o tempo. Há quem se sinta. Arroz com sabor de espinafre e beringela gratinada. Há quem se sinta feliz, todos os dias. Eu não. Hoje acordei e fiquei na cama até tarde, ainda não vi o sol, não sinto porque vê-lo. Inventei um dia chuvoso pra ouvir "It aint't me babe" do Dylan e ficar tentando acordar.

That's all right baby! *


Está tudo certo pequena.
Você está salva.


*clique agora e sorria: você foi flagrada!

Pliss, me dê um cigarro que eu quero descer.


Você não passa de uma tentativa. Ele disse. Não é mais do que uma tentativa fraca e preguiçosa. Ele me fuzilou com o olhar. E eu sei que foi isso que ele disse. Nossa, cara, pra quê tudo isso! Foi o que eu pensei. Mas também não disse, eu não disse nada, nem ele.





Muito bem, mais um dia péssimo que passou. Céu perfeito, daqueles que atingem todos os níveis de coloração. Do azul marca d'água, para uma coisa tipo firmamento e no fim da tarde as cores esmiuçando-se entre as núvens... e um vapor laranja. Mas tudo deu errado, tudo foi mal entendido. Não houve uma palavra sequer (da minha parte) posta com convicção.


Ele não estava bem há semanas. Me convidava para jantar e deixava os garfos postos ao lado do prato. Quando a comida estava quase fria, ele comia. Que deprê, que busca pela deprê. Tem vezes que a gente faz tudo ao redor pra ficar ainda mais deprê. Chega em casa e fecha a persiana. Sintomático, mas a gente nem percebe, é só um estado de espírito. (Agora... tem gente que inventa sarau de poesia com guitarra elétrica. Isso sim é deprê. Quando todo mundo já está bêbado, o cara liga a guitarra e declama qualquer coisa que ninguém consegue ouvir. Putz! cada um é feliz do jeito que pode). Mas ele estava assim, se cercando de um delírio amargo que só. E só. Se fechando num mundinho pequeno príncipe de altismo.




Eu estava notando, se não... Tudo que eu falava era uma agonia para os seus ouvidos . Leveza é coisa de viado e modelo de passarela beibe. E sabe.... quando a gente tenta, tenta ser feliz? Agradável. Lê i-cing, toma chá de camomila no final do dia, acende incenso, fuma um antes de dormir. Nada, nada. Nenhuma manifestação, a não ser seu incrível desprezo pela humanidade.


Um dia terrível acontece. Já advertida pelo seu mau-humor, pisava em ovos.


Só que não dá pra ser sempre um oásis de tranquilidade. Tem horas que dá pra lembrar que ainda se tá dentro dos 20 e poucos anos de idade (quando se está) e soltar uma merda qualquer. E azar do goleiro. Azar de quem não merece a companhia de um oásis rock and roll.


Pois é, ele me odiou, quebrei seu pacto de infelicidade e lembrei que o rock estava vivo. Nossa! o rock está vivo, tudo é uma ilusão falsa e imunda e viva o bagaçerismo e a alegria demodê.


- "Domingo de manhã, sai pra caçar rã e quando de repente apareceu a tua irmã. Que sarro". Vou sair de preto e rosa e vou usar sapatos envernizados e ir pela noite, uhu. Vou sim amor, vou chegar amanhã cansada e com olheiras e vou descambar pro lado da ressaca - prova dolorosa de que se pode ser feliz numa noite apenas.


Meu discurso retumbou nos seus ouvidos, mesmo eu não tendo dito palavra alguma. A única coisa que fiz foi ter tirado um batom da bolsa, depois ter acendido um cigarro e ter me deliciado com uma tragada. O filtro com marca de boca no cinzeiro. Foi demais pra ele. Eu sou uma tentativa.

Hoje eu acordei...

Aquela coisa; Vida de assistente. Quase pensei que me chamasse Margarite, usasse óculos e tivesse alguns gatos pela casa, de tanto que fui de um lado para o outro num mesmo dia. Irritante na vida é passar um dia inteiro não sendo ninguém a mais do que você é, todos os dias, o tempo todo.

Hoje me peguei, diversas vezes, pensando nas diferentes possibilidades das coisas que eu estav a fazendo. Uma tarefa pode ser executada de tantas maneiras quando se foge da matemática das pessoas... As interpretações são vastas demais.

Imagina passar um dia, daqueles bem cotidianos, pregada nessa idéia de possibilidades. Quando isso acontece, eu sempre digo, opa! Estou viva (como diria um velho amigo meu)! Esplêndido, o dia que eu não puder me deixar levar pelas minhas interpretações (e quem sabe esperientar um pouquinho de cada uma delas) vou me dar por vencida pela realidade não *epistêmica.



Em homenagem à um filósofo quase doutor amigo meu.


Boa noite!




* em busca da verdade

Não muito à dizer num trevuoso dia de inverno. Ou chegou a TPM!


Às vezes é difícil simplesmente sentar em frente ao computador e escrever. Nem sempre as coisas fluem como a gente quer, como a gente gostaria que fluíssem. Então se começa um texto assim, devaneando sobre a vontade de dizer algo, mas não se sabe bem o quê, nem como.


No ônibus, na rua, às vezes até dormindo vem alguma coisa bacana. E basta ficar diante da imensurável tela vazia e as palavras desaparecem. Ou então, acontece o que é pior: achar que não se tem nada realmente para falar. Nada que vai valer a pena, fazer sentido, mudar a vida de alguém (não que mudar a vida alheia seja um objetivo). Normalmente acho uma bosta essa situação, ficar divagando em círculos sobre um assunto,l que não inspira sequer, à vontade de continuar nele. Uma espécie de confissão da frustração. Texto auto-piedoso e tal.


Segue as horas e penso que não tenho mais tempo pra dizer nada, e que não tenho nada à contribuir com a filosofia, com a física, nem com o budismo (pois meu forte é cigarro filtro vermelho e tensão nas costas) . Uma amiga me falou que existe um quê de mágoa em minhas palavras- pode ser. Uma mágoa porque tudo que penso já foi dito por alguém que conseguiu sintetizar a vida num texto muito mais simples que o meu. Sem frescura, sem rococó linguístico, sem dor, sem aflição.


Essa vida árdua de perseguir o sinonimo dos gestos em palavras, o sinonimo da vida em um conto qualquer é de matar a gente. Gente que nem eu, gente que se vê coitada, que vê o sofrimento de alguém e solta uma frase pronta daquelas, que não serve nem mesmo para consolo. Gente que sabe que o mundo está de pernas pro ar, que a linguagem já não é mais a mesma, mas que não consegue descobrir qual é. E que tem plena consciência das coisas, lucidez sobre o que é e sobre o que diz.


E sendo assim, até me dá vergoinha em estar aqui, dizendo por dizer, sem nenhuma poesia- que seja. Pois hoje tá um dia nublado, cinza, horrível e o melhor que consegui de mim foi passar um cafézinho e ficar esperando que alguma coisa acontecesse. Como alguém bater em minha porta pra me chamar para uma convenção de jovens escritores em algum lugar super exótico do planeta. Ou descobrir que a realidade é imaginação e o mundo é Matrix. Mas bueno, nada aconteceu, nem o café ficou muito bom. Parece que o que sobra nesses dias é dar uma de Joe Gould e reescrever o mesmo capítulo da História Oral várias e várias vezes e apenas esperar, que vai passar. Vai amanhecer e pode ser que alguma luz se acenda. E vai ter que passar. Vai passar.




Boa noite!


Poemetes Vagabas

Ai! Detesto-me sendo pessoa de rima
Tão fraca, coitadinha,
Igual as perninhas que andam a se quebrar
De tanto bater um joelho ossudo no outro.
Igualzinha a fraqueza do corpo.
Fraca de rima
Fraca de perna
Daquelas que falam bambeando e não conseguem ser firmes em passos curtos.
As rimas
As pernas.


....



Me sinto tão sozinha.
Essa frase de sentir... Me repito uma vez por mês, com certeza.
E depois rio de mim.
Flagrando esse jeito auto-piedoso de ser.



....



É preciso deixar que se dê vazão à vontade louca de se deleitar em um momento de ostracismo qualquer. Como quem fica vesgo para dentro.
Observando as próprias vísceras e sentimentos –
Ao invés de ficar pensando nas soluções para viver um dia melhor.
Ficar com o próprio nada, absoluto nada.
As vísceras, as tripas, as dores e o próprio nada.

AMAR É...

Amar é ... deixar de comer o bife e dá-lo à pessoa amada.

Amar é... em hipótese alguma tocar Djavan no violão em uma roda de amigos e dedicar à pessoa amada.

Amar é... achar que a pessoa amada é a melhor pessoa do mundo.

Amar é... não rasgar as roupas da pessoa amada. Em nenhuma situação.

Amar é... caminhar quatro quilômetros com uma mochila nas costas sob o sol escaldante, para encontrar a pessoa amada.

Amar é... ficar com o coração apertado cada vez que se vai passar três dias longe da pessoa amada.

Amar... é ter equilíbrio para analisar todas as situações. Salvo: flagrantes.

Amar é... querer ser a melhor pessoa do mundo por causa de alguém.

Amar é... rezar na igreja para a pessoa amada voltar.

Amar é... resignar-se ao próprio amor.

Amar é... manter o romantismo e o erotismo. Sempre.

Amar é... chorar silenciosamente no banho e depois não saber se é por tristeza ou felicidade - por ter um motivo para chorar.

Amar é... a despedida demorada... demorada ... demorada ...

Amar é... saber compreender quando o outro está cheio de vida e você quer apenas ler um livro.